Extracção de Cortiça

Como sabemos que o sobreiro reúne as condições para a primeira extração?

O sobreiro está pronto para a primeira tiragem quando o seu perímetro do tronco alcança os 70 cm, medidos a uma altura de 130 cm, embora em tempos antigos considerar-se a cortiça pronta para ser colhida, aquela que apesentava fendas ou quando  percutindo o tronco com o olho do machado, as pancadas nao provocassem desformações permanentes.

Quando ocorre a primeira extracção de cortiça?

A primeira extração ocorre normalmente quando a árvore atinge 25 a 30 anos.

Quando ocorrem as extracções de cortiça?

A cortiça é extraida entre os meses de Maio, Junho e Agosto, pois correspondem á fase mais activa do crescimento anual do sobreiro, sendo estas as melhores épocas.

Quantas tiradas, sofre o sobreiro ao longo da sua vida?

O sobreiro é sujeito a 16 tiradas, em média, ao longo da sua vida.

Quais os danos que a extracção de cortiça provoca no sobreiro?

A correcta extracção não provoca quaisquer danos á árvore.

Qual o período de repouso entre cada tiragem?

Entre cada tiragem vão, em média, 9 a 10 anos, pois é o tempo que o sobreiro leva a produzir uma nova camada de "casca" (súber). Em Portugal, (no decreto nº. 27776 de 24 de Junho de 1937) fixou-se em 9 anos o tempo mínimo.

Existe alteração da cortiça ao longo de várias tiradas, no mesmo sobreiro?

Sim, existe diferença entre as diferentes tiradas de cortiça. Na primeira tiragem obtém-se uma cortiça de estrutura muito irregular e dureza difícil de trabalhar, é chamada cortiça virgem. Na segunda tiragem obtêm-se uma estrutura mais regular e menos dura mas que ainda não serve para o fabrico de rolhas, e a que é chamado cortiça secundeira. É apenas na terceira e seguintes extracções que se obtêm uma cortiça de costas e barriga lisas, próprias para a produção de rolhas de qualidade, e á qual é chamada de cortiça amadia ou de reprodução.

Em que consiste o processo de extracção de cortiça?

Este processo é ancestral, que só pode ser feito por especialistas, os descortiçadores, pois para não maltratar a árvore, há que ter habilidade manual e muita experiência.

Este processo é composto por 5 fases:
  • Abertura: golpeia-se a cortiça, verticalmente na fenda mais profunda do sobreiro. O gume do machado é rodado com o objectivo de separar a cortiça exterior da interior.
  • Separar: para a prancha ser separada da árvore insere-se a ponta do machado entre a tira e a cortiça interior, o machado é rodado, separando assim grandes painés de cortiça das principais secções do tronco.
  • Traçar: após um corte horizontal, que delimita o tamanho da prancha de cortiça a sair e aquela que fica na ávore.
  • Extrair: a prancha é removida da árvore, com cuidado para não se partir. Quanto maior for a prancha, maior é o valor comercial.
  • Descalçar: após a remoção da primeira pranha, repete-se os procedimentos em todo o tronco.
Para finalizar, marca-se a árvore, usando o último algarismo do ano em que foi realizada a extracção.

Que impacto tem no ambiente a extração de cortiça?

Ao nível ambiental, a extracção regular da cortiça do sobreiro é muito importante para a sustentabilidade do montado que presta um importante contributo para a fixação de CO2.

Que impacto tem a nível social?

A exploração de cortiça, permite a criação/manutenção de um volume importante de emprego, nomeadamente em zonas rurais, através das operações de tirada, poda e tratamentos culturais ou de intercvenção nos solos, onde cerca de 6000 pessoas trabalham sazonalmente. Cerca de 20.000 pessoas em Portugal estão ligadas á cortiça.

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